ÚLTIMO ASSOBIO

Minha raça veio do meio da floresta,
Eu vim no veio do rio.
Fixei morada na tenra cidade,
Criança cidade.
Mas a cidade cresceu...
Pensam que me expulsaram...
Não! Eu fui embora!
Não merecem meus passeios na lua cheia.
A fumaça de meu cachimbo,
Nunca souberam que era pra proteção.
Me chamaram de velha; assombração.
Eles acham que sou velha! Sou o que eu quiser ser!
Fui embora!
Meus assobios, que eram pra afugentar espíritos noturnos,
Foram trocados por apitos de guardas
Que sequer espantam mal-feitores, ladrões e gatunos.
Deixe a cidade crescer, deixe-a esquecer de mim, deixe sua violência crescer;
Pois volto pro mato, o meio do mato é meu lugar;
Volto pro barro em que sai, pois sou da terra
E não aceito a forma que eles a destroem:
Concreto no lugar de chão! Lixo nos rios! Não!
Voa meu pássaro, voa com canto de agouro,
Pela última vez.
Pra avisar o que estão fazendo,
Pra avisar que estão se matando,
Voa...
Voa...
Quem sabe alguém escuta?
Quem sabe alguém entende?
Quem quer?... 
Quem quer?... 

Por: Rafael Arguelles

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