Fábulas: O CAVALO DA GUERRA


Nas paragens de um reino formoso, acolhedor, próspero e farto; na estrebaria de um nobre cavaleiro nasceu um potro negro. Seu dono, passando momentaneamente por dificuldades financeiras, procurou um duque amigo e entregou o pequeno cavalo para que o criasse.
O cavalo cresceu, tornando-se forte, bonito e vistoso; porém muito arredio, de modo que não se deixava montar, além de causar muito prejuízos àquele homem, o levando ao descontentamento.
O duque foi ter como o cavaleiro para devolver o animal, pois o militar já havia se restabelecido nas finanças. Ao fazer a entrega, ressaltou que aquilo era uma fera indomável e que ele deveria que ter cuidado ao tratar com ele.
Com toda sua experiência, paciência e técnicas o cavaleiro conseguiu, em pouco tempo, domar o cavalo. Uma vez, levando-o para passear pela cidade, foram vistos pelo nobre, que sentiu saudades do tempo em que vivia com aquela criatura e percebeu ser emocionalmente apegado a ela. Foi então pedir ao amigo a restituição do bucéfalo, porém teve sua solicitação negada:
– Como posso restituí-lo de algo que nunca foi teu, estavas só tomando conta para mim?
– Ora, não esqueças o trabalho e os gastos que tive esses anos todos com ele, além do tempo dedicado em sua criação, desde tenro potro até altaneira maturidade!
– Sabes bem que tu mesmo vieste devolvê-lo, acusando-o de fera e causador de prejuízos; agora o vendo civilizado queres de volta! Esquece que eu também tive o trabalho de domá-lo?
Um magistrado, que tinha amizade pelos dois e que assistira a discussão, propôs a divisão da posse entre eles, repartindo não só as despesas como também o uso cotidiano.
– Não! – disse o duque – Não farei acordos com quem traiu dessa forma nossos laços. Nossa questão se resolve somente no litígio!
– Não estou disposto a dividir o que é meu por direito com alguém tão inconstante! – retrucou o cavaleiro.
Em seguida foi declarada uma (longa) guerra entre os dois nobres; fato que trouxe fealdade, hostilidade, pobreza e fome para toda aquela região. Contudo o que os inimigos jamais perceberam, foi que no dia após a contenda, o cavalo, espantado com a agitação dos preparativos da peleja, fugiu e nunca mais foi visto.

Moral: A conciliação é a melhor forma de resolução, evita transtornos, inimizades e destruição; só abra mão dela se não houver outra opção.

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