Para Sarney, Lula perdeu ‘aura da invencibilidade’
Senador indica em artigo que País estaria passando por grande momento de mudança e que nem o ex-presidente conseguiria garantir a reeleição de Dilma
Mateus Coutinho
Em artigo publicado no último sábado, 13, no jornal espanhol ‘El País’ o senador José Sarney afirma que o Brasil passa por um “tsunami político” que ameaça as chances do PT de continuar no poder, enfraquecendo até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, segundo Sarney, parece ter perdido “a aura da invencibilidade”.
“Para fugir da ameaça de derrota, pensaram alguns líderes do PT até mesmo em fazer Lula candidato. Mas o ex-presidente parece também ter sido atingido pelo maremoto e ter perdido a aura da invencibilidade, embora mantenha seu carisma e ainda seja a maior liderança política do País”, afirma o senador no texto divulgado também em seu blog pessoal.
Ele indica ainda que o ex-presidente, diante do cenário difícil para o PT, estaria se afastando da disputa. “O Brasil perdeu o otimismo, há um alto aquecimento do censo crítico, desapareceu a sacralidade das políticas sociais. O presidente Lula dá sinais de não desejar engajar-se num pacto de morte e se afasta de um duelo fatal”, diz o texto.
Mudança. Sarney relembra os episódios do suicido de Getúlio Vargas e da morte de Tancredo Neves para discutir o que para ele seria um momento de grandes mudanças com a possibilidade da vitória da ex-ministra Marina Silva (PSB) na eleição presidencial, após a morte de Eduardo Campos em um acidente de avião.
Ele cita o pessimismo com o cenário econômico do País e até um descontentamento dos partidos da base aliada que, segundo o senador, vivem a sensação de que os petistas “fizeram de tudo para massacrá-los nos Estados, criando confrontações e arestas, e que agora há oportunidade para reagir”. Até o seu partido, o PMDB, maior sigla da base aliada de Dilma, estaria dividido e só fechou com a presidente, segundo ele, devido à presença do vice-presidente Michel Temer na chapa.
“(O PMDB) só não vota contra Dilma por causa do vínculo de sua participação na chapa; de uma figura de simples adereço, Michel Temer passou a ser decisivo para a vitória”.
Críticas. Apesar de mencionar o complicado cenário para Dilma, Sarney não poupa críticas a Marina Silva, que para ele é uma incógnita e que “deixou uma marca de radicalismo” como senadora e ministra do Meio Ambiente na primeira gestão de Lula. “(Marina) deixou uma marca de radicalismo, como fundamentalista, de capacidade limitada, preferindo sempre a confrontação ao diálogo, e buscando não o entendimento, mas a conversão. Sua formação é das Comunidades Eclesiais de Base, mas agora é evangélica ortodoxa, considerando que o mundo se reparte entre os destinados à salvação e os condenados à perdição”, diz o artigo.
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