TU NÃO SABES O QUE EU VI

– Ai garoto! Tu não sabes que eu vi?!
– O quê?
– O saci!
– Na mata?
– Não, aqui!
Tava na frente de um computador fazendo suas brincadeiras;
Brincando com as imagens; com linhas, retas, curvas;
Com as formas, quadrados, círculos, triângulos...
Buscando outras formas de brincar com as pessoas,
Brincar de refletir, de pensar, de mudar...
Trocou a trança nas crinas dos cavalos
Por ações nas barbas da sociedade;
Trocou o cachimbo por uma nova consciência.
Descobri que ele não tem só uma perna – tem várias.
Tem um pé no passado, um pé no futuro;
Um pé na puerícia, um pé na maturidade...

Anda pela cidade procurando a degradação, dedo pra baixo de desaprovação.
Seu redemoinho de ideias busca a justiça.
– Esse saci dá muito trabalho! – devem pensar os incomodados.
Que ele incomode então! Se ele acha que algo está errado,
Não fica parado.
Os errados que tomem cuidado!
O pretinho cresceu! Mas...

Ainda tem aquele sorriso de menino, jeito de menino;
É só um menino!
Não, não é... Não esqueça que ele é um mito

E mitos, garoto, são eternos.

por Rafael Arguelles

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