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Artigo do poeta Paulo Paixão a favor da criação do Estado do Tapajós

Deus, abençoai o Estado do Tapajós! 


Uma vez estávamos, eu e meu amigo Rui Saraiva, na orla de Juruti, quando aproximou-se do seu porto um navio que vinha de Manaus com destino a Santarém, com escala em cidades intermediárias, incluindo Juruti. Pois bem, nesse momento, um alvoroço tomou conta do cais da cidade, então, nos aproximamos para ver melhor o que se passava. O motivo da agitação fora a chegada do navio que atracaria no porto e rumaria, ato contínuo, para Santarém. Nesse instante escutamos dos pescadores e estivadores a seguinte conversa:
- Pra onde vai este navio? 
- Vai pra Capital? 
Ouvindo isso fiquei espantado, pois, soubera que dito navio só chegaria até Santarém. Deste modo, perguntei a um transeunte que se apressava a ir para o cais de atracação:
- Este navio não vai para Santarém? 
- Vai sim.
Foi, então, que o meu amigo Rui compreendeu minha preocupação ou espanto e explicou:
- Paulo, a Capital a que eles se referem é Santarém!
Não mais precisou que o Rui detalhasse tal explicação, pois, percebi a intenção do ribeirinho. Acontece que o aludido cidadão vivia na mesoregião do Baixo-Amazonas e para ele suas referências geográficas, políticas, culturais são outras. Melhor dizendo, seu mundo é outro. Sofre influências outras. Para ele Belém é uma Capital do outro mundo, que vive noutra realidade. Basta pensarmos que Juruti fica a 218,29 Km de Santarém. Pergunto, fica a quantos quilômetros de Belém? 
Bem, essa lembrança referida acima ilustra meu ponto-de-vista acerca da criação constitucional do pretenso Estado do Tapajós, tendo Santarém como sua merecida Capital. Quais as pessoas que não aceitam a criação do Estado do Tapajós? Quem são elas? Digam-me, por favor, porque já não suporto mais esta espera! Quero, sobretudo, a independência política do meu povo! Quero viver para comemorar esse dia e morrer só depois de vê-lo tremular como altiva estrela nas dobras da bandeira nacional! Não tenho dúvida: são os belenenses; somente eles! Compreendo perfeitamente suas razões, porque me coloco em seu lugar, no entanto, tenho que ocupar o meu lugar e o meu lugar tem outras razões que não podem ser asfixiadas por tanto tempo assim. 
Quando o espanhol Francisco Orellana, em 1542, teve o primeiro contato com a nossa Terra, ele deveria ter estremecido de júbilo ao vê-la tão linda quanto o mais lindo “conto de fada”; tão edênico quanto a fantástica visão do Gênesis, caso fosse um homem que, pelo menos, tivesse a sensibilidade para apreciar um poema épico camoniano. Seus habitantes, (nos conta a história), foram gentis e amistosos com os visitantes exploradores e deles obtiveram, apenas, o conhecimento da maldade, ingratidão e rapina, excetuando-se, (ainda bem), o bom tratamento cristão dispensado pelos padres missionários. 
Desde essa época nossos ancestrais sofreram perseguições, as mais desumanas possíveis como invasão do seu território, aprisionamento, escravidão, pilhagem dos seus bens, sevícia e estupro de suas mulheres e descaracterização da sua cultura. 
Geograficamente, dista oitocentos e sete quilômetros de Belém (em linha reta), distância esta que sempre foi motivo de esquecimento político-administrativo, ao longo dos anos, por parte dos governantes estaduais, o que viera a consolidar, juntamente com outras razões não menos significativas, paulatinamente e de forma crescente, os anseios do seu povo às ditas “pretensões separatistas”, que para nós são, na verdade, “pretensões integralistas”, uma luta centenária de emancipação do Oeste do Pará. 
Todos, a bem da verdade, pouco caso faziam a Santarém ou ao Oeste do Pará. De nada adiantou o lirismo das poesias e a dolência das músicas santarenas; de nada adiantou o vôo estelar de seus políticos, escritores, atletas, artistas etc. Santarém e todo o Oeste teriam que ficar anexados eternamente aos membros ou tentáculos do gigante, o que significaria dizer, eternamente, relegados a condição de mais uma cidade (ou cidades) lá do Oeste do Pará, onde se ouve com freqüência o assobiar da Matinta Perera e o espirro do boto-tucuxi.
Mas, como que de repente, vozes se voltam para aquele Eldorado isolado e esquecido e firmam o pé dizendo “ele é nosso”, “não vamos deixar que estrangeiros o tomem da gente”, “são revoltados separatistas”, enfim, não adianta “chorar o leite derramado”, vamos mesmo ao embate e com toda a garra e denodo, tal como o vem fazendo a nossa Pantera alvinegra. Esses gritam e gesticulam só porque a revista estrangeira “The Guardian” teve o mérito e a grandiosidade de quebrar tabus e eleger nossas praias e rios como os mais lindos e incomparáveis do mundo? Só, agora, os reconhecem...?
Povo meu, irmãos meus do Oeste do Pará, nossos vínculos são profundos, nossa história é una e heróica, temos uma cultura bem definida sim, faltando, apenas, melhor difundi-la. Nossas queixas são semelhantes, nossos ideais são os mesmos. Nós nos superamos, tanto faz dizer no campo econômico, político, cultural, esportivo ou histórico. Se deixarmos de lado certos liames, podemos dizer de “boca cheia” que temos vida própria, porque sempre vencemos e com nossas pernas e braços as adversidades e abandonos; que somos auto-suficientes e que queremos caminhar sempre de mãos-dadas nas sendas e trilhas da Nova Unidade da Federação; que haveremos de conquistar, através do voto ou do reconhecimento das nossas verdades incontestáveis, o nosso sonho maior e nossa maior necessidade: autonomia, descentralização política, autodeterminação, preservação e consolidação duradoura de nossas peculiaridades regionais, participação no poder político, independência, soberania, formando um Estado forte de modo a enriquecer nossa sagrada democracia! 
Deus está do nosso lado e nos há de proteger. Coragem e determinação nos sobram, só queremos a luz de Deus e sensatez dos homens à nossa justa causa. A sorte está lançada! Que Deus abençoe o Estado do Tapajós ! 

Paulo Paixão
Fonte: Tapajós Já

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