O nosso Pará!

Um estado que é o nono mais populoso do país, mas cujo índice de habitantes vem decaindo aos poucos. Um estado onde na maior parte dos municípios há mais homens que mulheres, contrariando a regra nacional, e também onde a população rural ainda é bastante significativa no contexto geral. Esse é um resumo do que pode ser um raio-x do Pará, de acordo com os dados do Censo 2010, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dados brutos, hoje a população paraense é superior a 7,5 milhões de pessoas.
Com isso, o Pará segue sendo o mais populoso da região Norte, com quase três vezes o número da população do Amazonas. O IBGE mostrou que, dos 19 municípios que dobraram a própria população, sete são paraenses: São Félix do Xingu, Canaã dos Carajás, Ulianópolis, Anapu, Parauapebas, Tailândia e Ipixuna do Pará. “Muitos deles são locais de intenso processo de assentamentos nos últimos dez anos, o que pode justificar esse aumento populacional”, diz o chefe da Unidade Estadual do IBGE, Antonio José de Souza Biffi.
Segundo o IBGE, houve um crescimento de 22,54% entre 2000 e 2010. É significativo, mas inferior ao que foi constatado no comparativo de 1991 a 2000, quando o crescimento populacional estadual foi de 25, 06%.
O Censo 2010 também mostra que a população atual é mais urbanizada do que a de dez anos atrás. Em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas urbanas. Agora são 84%. No Pará, eram 66,55%. Agora são 68, 49%.
Mesmo assim, 75 municípios paraenses apresentam ainda uma população rural maior que a urbana. Em alguns casos, a discrepância chega a ser exagerada. Em Anajás, por exemplo, moram pouco mais de nove mil pessoas na zona urbana. Na área rural, o número chega a 15 mil moradores. Em Cachoeira do Piriá, são pouco mais de cinco mil moradores na zona urbana e mais de mais 20 mil moradores na área rural.
No caminho inverso do restante do Brasil
E se no Brasil geralmente o número de mulheres costuma ser maior que o dos homens, no Pará, o sentido é inverso. A proporção entre homens e mulheres mostra que há mais homens do que mulheres. São 3,8 milhões de homens contra 3,7 milhões de mulheres. O índice aponta 50, 41% de homens e 49, 59% de mulheres. “Tem a ver com a produção econômica do Estado, que ainda é baseada no setor primário”, diz Biffi.
Há exceções, no entanto. Em Ananindeua, Belém, Benevides, Capanema, Castanhal, Marituba, Santa Maria do Pará, Santana do Araguaia, Soure e Tucuruí existem mais mulheres do que homens. Em compensação, Cumaru do Norte é o município com maior percentual de homens no Estado, com 58,1%.
Os recenseadores do IBGE trabalharam durante quatro meses na coleta e supervisão do trabalho de campo. Os trabalhos começaram em agosto. Foram visitados 67, 7 milhões de domicílios em todo o Brasil. No Pará, foram mais de 2 milhões. Em 36, 127 mil domicílios paraenses não foi possível realizar as entrevistas presenciais, mas havia evidências de moradores.
“Nesses casos, o IBGE utilizou uma metodologia própria para estimar o número de pessoas residentes nesses domicílios fechados, usando uma prática já adotada em países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, México e Nova Zelândia. É feita uma média de acordo com o número de moradores de outro domicílio que havia sido inicialmente fechado e que depois foi recenseado”, diz Antonio Biffi.
O Censo encontrou ainda quase duzentos mil domicílios vagos no Pará, ou seja, aqueles que não tinham morador na data de referência. Prédios em construção, casas colocadas à venda e abandonadas são exemplos de domicílios vagos. (Diário do Pará)
Em ritmo de queda demográfica

O Censo realizado este ano revela que o Brasil tem uma população de 190.732.694 de habitantes. Em relação ao levantamento de 2000, houve crescimento de 12,3%, menor que o aumento observado na década anterior, de 15,6%.

Uma surpresa foi o crescimento de cidades de porte médio, principalmente no Centro-Oeste, em ritmo maior do que se projetava, diz o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes. Ele destacou áreas do grande agronegócio, como Lucas do Rio Verde (GO), onde a população teve aumento de 135% em dez anos, chegando a 45.545 em 2010. “Hoje, as áreas que absorvem mais população no Brasil são as cidades de porte médio, ou até grandes, mas não metropolitanas. Nas grandes, o crescimento não foi o que se projetava, como Brasília e Salvador.”

Nunes também citou o caso de Rio das Ostras, no Rio, onde o aumento chegou a 190% no período, totalizando 105,7 mil habitantes. Dos 5.565 municípios brasileiros, foi o segundo que mais cresceu na década, só perdendo para Balbinos, em São Paulo (199%). Nesse caso, porém, o fenômeno foi influenciado pelo aumento da população carcerária. Uma característica marcante do Censo, portanto, é a importância demográfica, social e econômica das cidades de porte médio localizadas em novos polos que emergem no País. “A região litorânea concentra parte expressiva da população, mas ao longo desses dez anos isso vem sendo acrescentado pelo movimento em direção ao interior, principalmente no Centro-Oeste”.

A pesquisa mostra que a população está vivendo mais em cidades do que há dez anos. Esse porcentual chegou a 84,3% dos brasileiros em 2010, ante 81,2% em 2000. São Paulo é o Estado mais populoso, com 41.252.160, e Roraima, o menos (451.227).

O presidente do IBGE destacou a combinação da redução da taxa de fecundidade com a elevação da longevidade da população. Em 1940, quando o Brasil tinha 30 milhões de pessoas vivendo em áreas rurais e 10 milhões em cidades, a expectativa de vida era de 41 anos. “Hoje, continuamos com cerca de 30 milhões vivendo no campo, mas são cerca de 160 milhões nas cidades. Entretanto, a expectativa de vida hoje é de mais de 73 anos.”

Numa sociedade em que a fecundidade é menor e a população envelhece, a tendência é que a população pare de crescer. “Estamos caminhando para crescer por mais duas gerações, quando haverá uma reversão e a população começará a decrescer.” (Agência Estado)

País mais velho preocupa INSS

Os dados do Censo de 2010 preocupam, afirmou ontem o ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas. Segundo ele, o resultado do censo mostra que o Brasil está no meio de uma transição demográfica.

“As projeções apontavam que em 2020 teríamos 1,8 filho por mulher, Em 2008, tivemos a informação que as mulheres brasileiras têm, em média, 1,8 filho. Isso quer dizer que, em 2020, vamos perder 30 milhões de habitantes na projeção. São menos pessoas trabalhando e mais pessoas idosas. Teremos que dar conta não só da aposentadoria como das políticas públicas para essas pessoas.”

Para Gabas, esse novo retrato da nossa população brasileira é grave. “Teremos uma quantidade enorme de pessoas idosas em pouco tempo. O mercado tem que se organizar e cada vez mais o estado brasileiro terá de se preocupar com o crescimento dessa população.”

Segundo o ministro, esse novo desenho da sociedade brasileira mostra que as mulheres estão ocupando mais espaço no mercado de trabalho. “Isso é muito positivo para o país, mas traz o reflexo no número de filhos. As pessoas estão se formando tarde, especializando-se mais e depois entrando no mercado de trabalho. Isso tem um reflexo direto no crescimento da população.”

Embora o número de pessoas idosas no país esteja aumentando, o ministro não acha necessário fazer uma reforma no sistema previdenciário com urgência. “O comportamento da arrecadação reflete que há uma mudança e significa que temos uma Previdência equilibrada. É hora de conversar com a população para saber qual o tipo de Previdência que ela quer no futuro. Esse é um debate que precisa ser colocado e é uma questão necessária.” (AE)


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