Sony recebe primeiro processo por violação da rede de usuários
Ação coletiva pede indenização pela "falha em cuidar dos dados" dos clientes; papéis da empresa caem em Tóquio e Nova York
No dia seguinte à revelação da Sony de que os dados pessoais das mais de 70 milhões de contas da PlayStation Network foram expostos a um invasor desconhecido, a empresa recebe seu primeiro processo por danos ao consumidor. As ações da multinacional japonesa caíram 2,02% hoje na Bolsa de Tóquio e, no momento, estão em baixa de 2,55% na NYSE, a bolsa de ações de Nova York, que opera em alta de 0,8% nesta quarta-feira.
Um escritório de advocacia da Califórnia abriu uma ação judicial de classe – um único processo onde várias pessoas reclamam o mesmo motivo, concentrando esforços em vez de processos individuais – na manhã desta quarta-feira (27), alegando que a Sony falhou em "cuidar, proteger e guardar dados pessoais".
"Alguém pensaria que uma corporação multinacional como a Sony teria fortes métodos de proteção para prevenir uma exposição indevida de dados pessoais, incluindo informações de cartão de crédito," diz J.R. Parker, um dos advogados que cuidam da ação. "Aparentemente, não é o que acontece."
O processo quer indenização em dinheiro pela perda de dados, falha no monitoramento de crédito e pela queda do serviço.
No dia anterior, pouco depois de revelar o possível furto de informações – e deixar claro que ainda não sabe se dados de cartões de crédito foram expostos – o diretor de comunicações da Sony, Patrick Seybold, escreveu uma nota no blog oficial do PlayStation para esclarecer a pergunta que muitos fizeram: por que esperar tanto para revelar o furto de informações?
A resposta oficial é de que a empresa precisou de dias para entender exatamente até onde a invasão havia chegado em seu sistema, além de quais dados foram obtidos na ação. Embora a empresa tenha percebido o problema no dia 19 de abril, foram necessários alguns dias de análise, inclusive com ajuda de especialistas de fora da empresa, para entender o tamanho exato da falha.
Problemas sem fim
A PSN começou a ficar instável no dia 19 de abril, quando muitos jogadores não conseguiam mais entrar no sistema, outros não conseguiam jogar online, e as compras na PSN não eram realizadas com sucesso. O problema foi aumentando até que, na madrugada do dia 20, a PlayStation Network foi desativada pela Sony.
A PSN começou a ficar instável no dia 19 de abril, quando muitos jogadores não conseguiam mais entrar no sistema, outros não conseguiam jogar online, e as compras na PSN não eram realizadas com sucesso. O problema foi aumentando até que, na madrugada do dia 20, a PlayStation Network foi desativada pela Sony.
No início, a previsão era de apenas um ou dois dias para resolver um problema que não havia sido divulgado pela empresa. Passado esse tempo, o discurso mudou: a Sony não tinha mais uma data concreta para a volta do serviço, e admitiu que um ataque externo tinha causado um problema na PSN.
As atenções se voltaram ao grupo Anonymous, que havia ameaçado e executado pequenos planos contra a Sony nas semanas anteriores, em represália às atitudes que a empresa havia tomado contra George Hotz, hacker que “destravou” o PlayStation 3. O grupo fez questão de dizer que não estava envolvido com esta invasão.
Na penúltima atualização sobre o que acontece com a rede, a Sony dizia ter que reconstruir sua rede para implantar novos métodos de segurança, algo que leva bastante tempo – por isso, cinco dias depois da queda, ainda não havia data prevista para o caos acabar. Nesta mesma nota, a empresa afirmava não saber se dados pessoais das mais de 77 milhões de contas da PSN tinham sido comprometidos.
Criando inimigos
Embora não seja possível confirmar que o ataque tenha relação com eventos passados, podemos dizer que a Sony tem sido alvo de hackers e invasores desde o início do ano, quando as chaves de segurança do PS3 foram divulgadas pelo hacker George “Geohot” Hotz. Ao fazer isso, segundo ele, apenas com a intenção de trazer de volta suporte a sistema Linux no PS3, Hotz acabou abrindo o console à pirataria.
Embora não seja possível confirmar que o ataque tenha relação com eventos passados, podemos dizer que a Sony tem sido alvo de hackers e invasores desde o início do ano, quando as chaves de segurança do PS3 foram divulgadas pelo hacker George “Geohot” Hotz. Ao fazer isso, segundo ele, apenas com a intenção de trazer de volta suporte a sistema Linux no PS3, Hotz acabou abrindo o console à pirataria.
Para responder a isso, a Sony adotou uma posição firme – não só para seus próprios negócios, mas também para mandar uma mensagem a seus parceiros de que estava lutando contra o problema. Geohot teve seus computadores apreendidos sob ordem judicial, e assim começou uma batalha legal entre a fabricante e o hacker.
Entra então Anonymous, grupo hacker/ativista que não gostou da atitude da Sony em tentar bloquear as brechas criadas por Geohot. No começo de abril, o grupo criou um vídeo onde declarava “guerra” à empresa. As investidas consistiriam em ataques DDoS para derrubar sites da Sony e a divulgação de dados pessoais de executivos da empresa, para constrangê-los. No dia seguinte, Anonymous dizia que “o pior ainda está por vir.”
Isso se transformou em um pequeno ataque à PlayStation Network, que ficou instável por alguns momentos, mas não causou danos e não foi considerado algo importante pela Sony. Logo o grupo reconheceu o erro e disse que não faria mais ataques que prejudicassem os usuários comuns.
Depois de tudo isso, Sony e Geohot anunciaram um acordo. Não se sabe dos detalhes, apenas que a empresa não leva o caso adiante na justiça e Geohot se compromete a não ter atitudes semelhantes a esta que abriu o PS3 aos usuários comuns. Mesmo assim, Anonymous afirmou que os ataques só parariam quando estivessem satisfeitos.
O próprio grupo nega envolvimento com a grande invasão que deixou a PSN fora do ar desde quarta. Porém, nada impede que outros grupos ou indivíduos tenham tentado fazer seus próprios ataques.
IG
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