Professores de escolas públicas de todo o país param as atividades  nesta terça-feira, 16, para pedir o cumprimento da lei que estabelece um  piso salarial para a categoria. A paralisação foi convocada pela  Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e pelo menos  em 11 estados os sindicatos locais prepararam assembleias e outras  atividades de mobilização.   
A Lei do Piso foi sancionada em 2008 e determinou que nenhum  professor da rede pública com formação de nível médio e carga horária de  40 horas semanais pode ganhar menos do que R$ 950. O valor do piso  corrigido para 2011 é R$ 1.187. Naquele mesmo ano, cinco governadores  entraram com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a  constitucionalidade da legislação e só este ano a Corte decidiu pela  legalidade do dispositivo. Desde então, professores de pelo menos oito  estados entraram em greve no primeiro semestre de 2011 reivindicando a  aplicação da lei.
"É uma teimosia e um descaso dos gestores em cumprir essa lei, o que  caracteriza falta de respeito com o educador. Prefeitos e governadores  estão ensinando a população a desrespeitar a lei quando não cumprem ou  buscam subterfúgios para não cumprir", defende o presidente da CNTE,  Roberto Leão.
Um dos pontos da lei que foi questionado pelos gestores é o  entendimento de piso como remuneração inicial. O STF confirmou, durante o  julgamento, que o piso deve ser interpretado como vencimento básico: as  gratificações e outros extras não poderiam ser incorporados à conta  como costumam fazer algumas secretarias de Educação. "Isso [incorporação  de gratificações] descaracteriza o piso e a carreira. Como a lei  determina um piso para professores de nível médio, em alguns estados a  diferença do piso do profissional de nível médio para o de nível  superior é apenas R$ 30. Desse jeito, a carreira não atrai mais os  jovens para o magistério porque ele não tem perspectiva", diz Leão.
As prefeituras alegam que faltam recursos para pagar o que determina a  lei. Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM)  com 1.641 prefeituras mostra que, considerando o piso como vencimento  inicial, a média salarial paga a professores de nível médio variou, em  2010, entre R$ 587 e R$ 1.011,39. No caso dos docentes com formação  superior, os valores variaram entre R$ 731,84 e R$ 1.299,59. "Eu nunca  vi município ir à falência porque construiu biblioteca ou pagou bem a  seus professores", reclama o presidente da CNTE.
Estadão 
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