Uma equipe de astrofísicos confirmou que a teoria da relatividade  geral de Albert Einstein é válida em escala cósmica, e não só no sistema  solar, ao comprovar que a gravidade influi na luz procedente de  longínquos conglomerados galácticos, segundo estudo publicado na edição  desta quarta-feira da revista Nature.
Por puro acaso, esta  pesquisa, que ainda precisa de confirmação, foi publicada alguns dias  depois de uma descoberta que lançou dúvidas sobre a teoria de Einstein.  Uma equipe de físicos detectou neutrinos, partículas elementares da  matéria, deslocando-se a uma velocidade sutilmente superior à da luz, um  "limite insuperável" segundo a teoria da relatividade.
Muito  antes deles, Radek Wojtak (Dark Cosmology Centre, da Universidade de  Copenhague) e seus colegas tentavam confirmar a teoria de Einstein,  analisando a luz que chega à Terra de galáxias situadas nos 8.000  conglomerados, cada um dos quais é formado por milhares de galáxias.
Segundo  esta pesquisa, a gravidade garante a coesão dos agrupamentos, mas  também influi na luz que cada uma das galáxias emite no espaço.
De  acordo com a teoria de Einstein, a frequência da luz diminui e seu  comprimento de onda se amplia por efeito da gravidade. Como consequência  disso, ocorre um desvio do espectro luminoso para o vermelho  ("redshift") gravitacional, diferente do que provoca o distanciamento  das galáxias.
Comparando o comprimento de onda da luz procedente  das galáxias situadas no coração dos conglomerados, onde a gravidade  (atração universal) é mais forte, ao das galáxias situadas na periferia,  a equipe de astrofísicos conseguiu medir "pequenas diferenças em seu  'redshift'", explicou Radek Wojtak.
"Vimos que a luz das galáxias  situadas no meio de um conglomerado demora para sair do campo  gravitacional, enquanto que a luz das galáxias periféricas emerge mais  facilmente", acrescentou o cientista em um comunicado.
Uma vez  calculada a massa de cada conglomerado galáctico, os astrofísicos usaram  a teoria da relatividade geral para avaliar o "redshift gravitacional"  das galáxias segundo sua posição no conjunto.
Estes "cálculos  teóricos" do 'redshift' gravitacional se mostraram "completamente em  consonância com as observações", reforçou Wojtak. O desvio para o  vermelho varia "proporcionalmente em função da influência gravitacional  dos conglomerados galácticos", acrescentou.
"Nossas observações confirmam, assim, a teoria da relatividade", destacou.
Foram  feitos testes na escala do sistema solar ou de algumas estrelas. Por  enquanto, foi "comprovada a escala cósmica e isto confirma que a teoria  da relatividade geral funciona", concluiu o cientista.
A equipe de  astrofísicos comparou os resultados obtidos com as previsões de vários  modelos cosmológicos. Segundo Wojtak, há "fortes indícios da presença de  uma energia escura" responsável pela aceleração da expansão do  universo, mas ele não descarta que possa haver outros motivos.
Segundo  cálculos baseados na teoria da relatividade geral, uma energia escura  de natureza desconhecida representa 72% do universo. Uma matéria escura  misteriosa, invisível, constituiria 23% e teria 5% de matéria visível,  formada, por exemplo, de estrelas e planetas.
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