A diferença de metodologia de amostragem das redes  de monitoramento da qualidade do ar explica, segundo técnicos do  Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), o resultado de  relatório sobre poluição do ar, divulgado hoje (26) pela Organização  Mundial da Saúde (OMS), no que se refere às cidades do Rio e de São  Paulo.
De acordo com o documento,  foi avaliada a qualidade do ar de 1,1 mil cidades do mundo e a capital  fluminense aparece com um índice de poluição do ar três vezes superior  ao recomendado pela entidade, enquanto em São Paulo o índice é duas  vezes superior às recomendações da OMS. Na cidade do Rio de Janeiro, foi  encontrada uma taxa de 64 microgramas de poluição por metro cúbico. O ideal, para a OMS, seriam 20 microgramas por metro cúbico.
A  gerente de Qualidade do Ar do Inea, Mariana Palagano, disse que essa  diferença entre a qualidade do ar no Rio de Janeiro e a da capital  paulista, deve-se à maneira como a medição é feita. Segundo ela, em São  Paulo a amostragem é automática e feita de forma contínua, de minuto a  minuto, e depois integrada em uma média de uma hora.
Já na capital  fluminense, a rede do Inea para material particulado é semiautomática,  ou seja, os equipamentos realizam uma amostragem a cada seis dias, 24  horas por dia. As amostras são enviadas para laboratórios. “Mais de 90%  das nossas estações realizam amostragens desse jeito. A rede de São  Paulo é essencialmente automática”. De acordo com a gerente, isso faz  com que os valores da amostragem do Rio de Janeiro sejam sempre  superestimados em relação às redes automáticas.
Mariana Palagano  esclareceu que o principal objetivo da rede do Rio é acompanhar a  evolução das emissões veiculares. De acordo com o inventário de fontes  do Inea, as emissões veiculares respondem por 60% a 70% das emissões  totais. Por essa razão, na opinião da técnica, a localização das  estações e a seleção de locais para a amostragem devem ser consideradas  quando se faz uma comparação dos resultados com outras redes.
Das  1,1 mil cidades avaliadas, o Rio de Janeiro aparece na 144ª posição  entre as mais poluídas, diz o relatório da OMS. Mariana Palagano e o  diretor de Informação e Monitoramento Ambiental do Inea, Carlos  Fonteles, não negam que a situação ruim no Rio de Janeiro, em relação à  qualidade do ar. Eles admitem que será necessário um esforço redobrado  para reduzir a poluição do ar devido à realização da Copa do Mundo de  2014 e das Olimpíadas de 2016.
Com objetivo de adotar medidas que  amenizem o problema da poluição atmosférica, a presidenta do Inea,  Marilene Ramos, criou recentemente um grupo de trabalho que vai rever os  padrões de qualidade do ar a serem adotados no estado. A meta é tentar  proporcionar uma gestão mais efetiva da qualidade do ar. “Esse grupo tem  como principal objetivo avaliar os poluentes legislados e propor  valores limite para poluentes que hoje não são legislados, como benzeno,  de forma a torná-los mais rigorosos, a exemplo dos valores guia  recomendados pela OMS para proteção da saúde da população”, disse.
Ela  destacou que a OMS recomenda também metas de redução ao longo do tempo e  vai avaliando quanto os locais conseguem reduzir esses poluentes, em  termos efetivos, para que sejam estabelecidas novas metas, até que se  chegue ao valor recomendado. Os primeiros resultados são esperados para  dentro de seis meses. A presidenta do Inea ressaltou, porém, que o  trabalho não é só do órgão, mas “vai depender do esforço de toda a sociedade”.
Carlos  Fonteles acrescentou que a ideia é trabalhar com todas as redes de  monitoramento automáticas de particulas que hoje ainda são manuais. A  partir de convênio firmado com a Petrobras e a Pontifícia Universidade  Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), será produzido um novo inventário  de emissões de redes fixas e móveis. O diretor do Inea estima que esse  inventário estará concluído dentro de um ano. Isso permitirá ao Inea  fazer comparativos de emissões mais à frente, com base científica.
Além  da ampliação da rede de monitoramento, o compromisso firmado pelo  governo fluminense com o Comitê Olímpico Internacional (COI) envolve a  realização de um monitoramento de ruídos.
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