Especialistas comparam oratória de Jobs a de Dalai Lama e Gandhi
Diante de uma multidão, Steve Jobsinformava, educava e entretinha uma multidão, enquanto tentava convencê-la de que o aparelho que estava apresentando ia mudar suas vidas. E todos queriam fazer parte do seleto grupo que estava ali para ser convencido. O talento e o carisma do antigo executivo-chefe da Apple diante do público são comparados aos de Dalai Lama, Gandhi e Barack Obama pelos especialistas procurados pelo G1.
Para Carmine Gallo, autor de “Os segredos da apresentação de Steve Jobs”, o ex-executivo da Apple era o “melhor apresentador para o público do mundo, sem questionamento”. Ele cita o exemplo do lançamento do iPhone, em 2007, e lembra que Jobs disse que ia mostrar três novos produtos, um iPod, um telefone e um comunicador de internet. “Ele pausou e repetiu os produtos várias vezes. Depois disso, revelou: ‘Vocês não estão entendendo? Não são três aparelhos. É apenas um e o estamos chamando de iPhone. Foi surpreendente”, conta.
Essa “linha Steve Jobs de comunicação” também pode ser vista em um líder brasileiro, o empresário Eike Batista, segundo Max Gehringer, administrador de empresas que dá dicas sobre empregos no Fantástico. “O peso do que ele diz está no que ele já fez.”
O professor de expressão verbal, Reinaldo Polito, vê uma evolução na qualidade da apresentação do executivo. Ele conta que em sua apresentação como paraninfo na Universidade de Stanford em 2005, a emoção foi o que mais contou. “A história pessoal que ele contou foi maravilhosa e encantou a todos, mesmo que seu desempenho como orador não tenha sido tão aprimorado”, explica.
Já no lançamento do iPad, Polito enxergou um orador “competente e muito bem preparado”. “Talvez ele seja um dos poucos que consegue falar mal dos produtos concorrentes sem parecer prepotente ou agressivo”, conta, explicando que o executivo usava uma ironia fina e um leve ar de deboche para falar de seus competidores.
Os especialistas concordam na hora de elogiar o preparo de Jobs para falar dos produtos das empresas. “Embora ele passasse uma impressão de que estava improvisando, cada detalhe era planejado com rigor e disciplina. Assim que pronunciava uma palavra que parecia ter sido jogada ao acaso, ela era projetada no telão com um sincronismo perfeito”, explica Polito.
“Como a maioria das pessoas, Steve Jobs não era um apresentador natural. Ele trabalhou duro em suas habilidades”, completa Gallo.
Mas nenhum deles ousa colocar o sucesso da empresa como uma consequência do poder de oratória de seu cofundador. “Antes da grande virada da Apple, Jobs não era conhecido como um grande orador, mas ele sempre teve aquele tom de quem sabe o que está falando. Quando os resultados apareceram, ele passou a ser ouvido com reverência”, diz Max Gehringer.
“Não podemos esquecer que os produtos da Apple são inovadores, mudaram mercados”, diz Gallo. “Não acho que apresentação nenhuma compensa para um produto inferior, mas Jobs conseguia inspirar e fazer com que as pessoas pensasem que os produtos iam lhes ajudar a mudar o mundo.”
“Se a Apple não tivesse explodido a partir das incríveis inovações de Jobs, provavelmente alguém teria sugerido que ele fizesse um curso de expressão verbal”, completa Gehringer.
Cenário
Algumas características de Jobs em suas apresentações fizeram com que ele cativasse o público e se tornasse um guru da tecnologia. “Ele passeia pelo palco, fala em tom coloquial, raramente levanta a voz e sequer pede a participação da platéia. A economia de gestos nas apresentações de Jobs e o sucesso da Apple o transformaram em um guru”, conta Gehringer.
Algumas características de Jobs em suas apresentações fizeram com que ele cativasse o público e se tornasse um guru da tecnologia. “Ele passeia pelo palco, fala em tom coloquial, raramente levanta a voz e sequer pede a participação da platéia. A economia de gestos nas apresentações de Jobs e o sucesso da Apple o transformaram em um guru”, conta Gehringer.
O teor de improviso das apresentações também favorecia o executivo. “Mesmo tendo preparado todos os detalhes de suas apresentações, ele demonstrava que estava criando a mensagem no momento. Por exemplo, assim que completava um raciocínio, abaixava a cabeça e caminhava alguns passos, como se estivesse procurando a sequência do pensamento”, diz Polito.
O jeito despojado, trazido por sua blusa com gola alta preta e a calça jeans, também era um ponto a favor do executivo. Ele passava a imagem de ser alguém “sem vaidade e muito orgulhoso de seus produtos”, segundo Polito.
G1
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