A  vaga foi conquistada porque Haddad praticamente gabaritou nos dois  exames chamados de Scholastic Assessment Test (SAT, Teste de Avaliação  Escolar), uma espécie de 'Enem americano' que seleciona os estudantes  para as universidades. Na primeira prova, que traz questões de  raciocínio lógico, consideradas mais difíceis, ele tirou 2.400, a  pontuação máxima. Na segunda, onde caem questões específicas do núcleo  comum do ensino médio ou de língua estrangeira, o estudante tirou 2.350  pontos. Ambas as avaliações exigem nível avançado de inglês.
Haddad  também está na disputa por vagas no Instituto de Tecnologia de  Massachusetts (MIT), Yale, Princeton, Stanford e Instituto de Tecnologia  da Califórnia (Caltech) cujo resultados ainda não foram divulgados. Mas  pelo desempenho do estudante nas duas edições do SAT é bem provável que  as instituições também o aceitem, já que é através deste exame que eles  selecionam os alunos.
Se isso acontecer, Haddad terá dúvidas de onde fará a matrícula. A  princípio sonhava em estudar no MIT, mas depois avaliou que Harvard é  forte na área de ciências, carreira que pretende seguir. "Na metade de  abril as universidades abrem o período de visitação para os aprovados,  aí vai dar para ter uma ideia melhor. Eu pretendo decidir após as  visitas", diz. A matrícula tem de ser feita em 1º de maio.
O processo  de bolsa de estudos corre paralelo ao da aprovação e é definido a  partir das condições socioeconômicas da família do estudante. Haddad diz  que os custos anuais para se manter em Harvard é de cerca de 60 mil  dólares (o equivalente a quase 104 mil reais), mas a maioria dos  estrangeiros recebe bolsa que inclui alojamento.
O jovem que nasceu  em Taubaté, mas desde pequeno mora em São José dos Campos, afirma que  não sabe ao certo qual curso vai seguir. "Gosto muito de física e da  área de biológicas, talvez junte estas duas áreas." Segundo ele, nas  universidades americanas é permitido escolher a área em até três  semestres de aula e o curso, até o fim do segundo ano.
História com os números
Filho de engenheiros químicos, a ciência e  os números sempre fizeram parte da vida de Haddad. A história com as  olimpíadas começou aos 10 anos e em oito anos de carreira ele arrebatou  mais de 40 premiações dentro e fora do Brasil. Em 2008, conquistou ouro  na Coreia do Sul; em 2009 prata no Azerbaijão; em 2010 foi bronze na  China e na Croácia, e no passado levou bronze na Polônia e ouro na  Tailândia. Fora as medalhas das competições nacionais.
"Comecei a  participar quando estava na sexta série, incentivado por uma professora e  logo peguei primeiro lugar na Olimpíada de Matemática. As provas  envolvem criatividade e é um desafio usar as ferramentas do ensino médio  para resolver as questões", diz o jovem. Haddad afirma que a vontade de  fazer faculdade nos Estados Unidos começou nesse universo das  olimpíadas, já que o contato com estudantes estrangeiros é muito  próximo.
Para o campeão, os bons resultados nos vestibulares e a aprovação em  Harvard só foram possíveis graças a esse treinamento, já que os  problemas cobrados nas olimpíadas são muito mais complexos e difíceis do  que os dos vestibulares. Ele concluiu o ensino médio no ano passado, no  Colégio Objetivo de São José dos Campos. "As olimpíadas sempre ajudaram  demais. Tinha muitas aulas de preparação, algumas quase particulares.  Para quem estuda para essas competições, o vestibular fica até fácil  porque desenvolve muito raciocínio."
Futebol e balada
Haddad não  se considera um garoto diferente dos demais da sua idade. Ele conta que  participa de competições de natação, joga futebol e frequenta baladas e  cinema como todos os adolescentes. "Minha vida é normal, só com um pouco  mais de estudo." O jovem diz que costumava ficar tranquilo na hora das  provas, o que contribuía para o resultado positivo. Além disso, diminuía  o ritmo dos estudos à medida que as datas se aproximavam - contrariando  a tática de muitos vestibulandos. 
Agora o desafio do estudante é  driblar a ansiedade de ter de ser mudar do Brasil, deixar o pais e o  irmão de 13 anos e morar sozinho pela primeira vez. "Uma hora ia ter de  me afastar da minha família. Meus pais estão preocupados, mas ao mesmo  tempo felizes. Já pulamos muito e fizemos vários almoços para  comemorar."
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